segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Desalento



Às vezes ouço o rir, é uma agonia
Queima-me a alma como estranha brasa
Tenho ódio à luz e tenho raiva ao dia
Que me põe n’alma o fogo que me abrasa!



Tenho sede de amar a humanidade…
Eu ando embriagada… entontecida…
O roxo de maus lábios é saudade
Duns beijos que me deram em outra vida!



Ei, não gosto do Sol, eu tenho medo
Que me vejam nos olhos o segredo
Que só saber chorar, de ser assim…



Gosto da noite, imensa, triste, preta,
Como esta estranha e doida borboleta
Que eu sinto sempre a voltejar em mim!



Florbela Espanca

Um comentário:

  1. ...É... às vezes, sinto-me assim... também tenho medo que descubram meus segredos... e tb sinto falta desses beijos que me deram em outra vida!

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